Com verba menor que a prevista originalmente, o IBGE
reduziu pessoal e cortou perguntas do Censo Agropecuário que será iniciado no
segundo semestre, conforme antecipou a coluna Mônica Bergamo. O instituto
defende, porém, que não haverá prejuízo aos resultados.
A pesquisa, que tem por objetivo traçar um perfil da
realidade do campo no país, deveria ter sido realizada em 2015, mas desde então
o instituto vem tentando obter dinheiro com o governo.
A primeira versão previa gastos de R$ 1,6 bilhão entre
2017 e 2018. No ano passado, o IBGE conseguiu R$ 550 milhões para 2017 e
decidiu refazer os planos.
O censo anunciado nesta segunda (3) custará R$ 770,324
milhões, parte gasta em 2017 e parte em 2018.
Foram feitos cortes no número de servidores temporários
contratados —que caiu de 80 mil para 24.900—, no número de postos de coleta de
informações —de 5.100 para 1.376— e no tamanho do questionário, com o objetivo
de reduzir o tempo médio de entrevista de 90 para 40 minutos.
Nas últimas semanas, começaram a surgir críticas sobre a
possibilidade de retirada de perguntas relevantes, como questões sobre o uso de
agrotóxicos e sobre a renda dos produtores.
Em nota divulgada nesta segunda, por exemplo, a Associação
dos Geógrafos Brasileiros diz que as mudanças atingem "a qualidade dos
dados produzidos e, consequentemente, a possibilidade de construção de
conhecimento sobre o agrário e o agrícola no país".
Questionado sobre possíveis perdas no resultado a partir
do corte de gastos, o diretor de pesquisas do IBGE, Roberto Olinto, destacou o
esforço do órgão para conseguir tirar a pesquisa do papel.
"(A pesquisa) não perde nada. Acho que ganhamos,
porque estávamos trabalhando entre o zero e o que a gente conseguiu",
respondeu ele.
Os técnicos do instituto defenderam que o novo questionário
aborda todos os temas estruturais, mas reduz o número de perguntas para
detalhar cada um deles.
Por exemplo, no caso do uso de agrotóxicos, mantém a
pergunta sobre o uso, mas elimina questionamentos sobre a destinação das
embalagens.
A redução do questionário tem por objetivo permitir que
os recenseadores visitem mais propriedades ao longo do período de coleta de
informações.
Ao todo, o IBGE prevê visitar 5,3 milhões de
estabelecimentos agropecuários entre outubro e o fim do primeiro trimestre de
2018.
Por lei, a pesquisa deveria ser realizada a cada cinco
anos a partir de 1991. No entanto, foram coletados dados apenas em 1996 e 2007.
Em 2014, o IBGE passou a planejar a versão 2015, que foi excluída do orçamento
federal por falta de verbas.
O instituto está planejando uma mudança na coleta de
informações sobre o setor agropecuário. Após a conclusão deste censo, os dados
serão usados como um cadastro para a realização de pesquisas por amostragem,
como já são feitos hoje outros estudos sociais e econômicos como a Pesquisa
Nacional por Amostragem Domiciliar.
A ideia é criar um Sistema Nacional de Pesquisas Agropecuárias,
que visitará um número menor de propriedades para traçar perfis do setor.
Para realizar o censo, o IBGE vai promover dois concursos
públicos entre abril e maio, com a abertura de 26.010 vagas com salários entre
R$ 1.600 e R$ 4.000.
O orçamento prevê ainda a compra de 26.166 dispositivos móveis
para a coleta dos dados dos questionários, ao valor de R$ 30,1 milhões.
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